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Âncora 1

Informativo do Colégio Tereza Helena Mata Pires | Alto do Cabrito

                   Salvador – Bahia | maio de 2016 | Nº 007

GALGANDO O TOPO DE UM CASTELO

Ex-alunos do Tereza Helena concretizam o sonho de ingressar no IFBA

   Três alunos recém-egressos do Colégio Estadual Tereza Helena Mata Pires conseguiram aprovação na seleção do Instituto Federal da Bahia – IFBA de 2016: Alinaldo Santos, Amanda Ribeiro e Jefferson Santos. Para isso, formaram um grupo de estudos e a receberam orientação da professora Antônia Bastos, de Língua Portuguesa.

JEFFERSON, ALINALDO E AMANDA POSAM EM BIBLIOTECA DO IFBA

Parabeniza também a todos os que participaram do grupo de estudos pela garra, empenho e espírito de colaboração. Os alunos aprovados já agendaram uma visita ao colégio para apresentação de um vídeo e realização de uma palestra-debate sobre o IFBA com as turmas do 9º. Ano.  O vídeo foi produzido por eles no curso de formação.

Leia, nesta edição, as surpreendentes entrevistas publicadas na íntegra.

ENTREVISTA COM ESTUDANTES APROVADOS

A DESCOBERTA E O ESTÍMULO

Alinaldo – Conheci por meio de um amigo da igreja, que queria tentar em 2017. Eu pesquisei e encontrei editais de anos anteriores. Conversei com um grupo de colegas do colégio Tereza Helena e esquecemos isso por um tempo. Depois Matheus trouxe novamente a ideia, porque tinha conversado com o filho da patroa da mãe dele, que estuda no IFBA.

Jefferson – Na verdade, o professor Nei [Eneival Matos] já tinha dado uma espécie de testemunho em que ele falava de alunos que tinham feito  prova do IFBA e passado.

A PREPARAÇÃO

ITH – Como se prepararam para a aprovação no IFBA?

Alinaldo – Nós estudamos muito. A professora Antônia Bastos nos ajudou bastante, dando-nos apoio em Português e Redação. No começo tentamos estudar redação dissertativa sozinhos, mas não conseguimos.

Jefferson – Nós tentamos criar um cronograma, a Diretora disponibilizou uma sala, mas não estava dando muito certo. Tentamos pegar os assuntos na internet para que cada um ajudasse o outro, lendo, explicando e tal. Só que não deu certo.

ITH – Como surgiu o interesse de vocês pelo IFBA? Receberam estímulo de alguém próximo?

Jefferson – Na verdade, eu descobri o IFBA por meio de Alinaldo, no início de 2015, e fiquei interessado. O estímulo veio dos colegas, da professora Antônia 

Bastos e dos outros professores também.

ajudar, mas não tivemos tempo.

O SENTIMENTO E AS      EXPECTATIVAS

ITH – Vocês conseguiram o mérito de ingressar no IFBA logo após terem concluído o Ensino Fundamental em uma escola pública e isso é para poucos. Como se sentem diante dessa conquista e quais são as suas expectativas?

Alinaldo – Eu fiquei muito feliz.

Jefferson – Muito feliz, mesmo!

Alinaldo e Jefferson – Quando colocamos a camisa de IFBA é diferente de estar com outras camisas.

Alinaldo – O que me importa de agora em diante é que eu passe de ano. Nós conhecemos alunos veteranos e percebemos que muitos ficam desesperados na reta final.

ITH – Vocês encontraram no Colégio Tereza Helena algum incentivo? Tiveram ajuda de algum professor em especial?

Alinaldo – A professora Antônia Bastos nos ajudou bastante. Ela trouxe redações, deu aulas e nós começamos a melhorar.

O PERCURSO ESCOLAR E OS VALORES FAMILIARES

ESTUDANTES APROVADOS EM VISITA AO COLÉGIO

Jefferson – Eu não sabia fazer texto dissertativo. Eu escrevia mais textos narrativos.

Alinaldo – Depois que a professora Antônia Bastos nos trouxe a base, nós decidimos pesquisar no YouTube. Passamos a assistir a vídeoaulas. Em relação às disciplinas Geografia, História, Matemática e Português, nós esperamos o IFBA divulgar os assuntos e construímos uma apostila com os resumos de todos eles, feitos por Jefferson. Nós encadernamos

Jefferson – Eu vim de escola pública desde o comecinho mesmo. Nunca frequentei escola particular. Em relação à família, minha mãe sempre me disse que não é um colégio particular que vai fazer de mim um “cara bom” na vida. Temos que ter inteligência e aplicá-la. Meus pais sempre disseram: “Estude para você ter coisas boas na vida!”.

Alinaldo – Eu venho da mesma escola que Jefferson. Desde a primeira série nós estudamos no mesmo colégio. Eu sempre estudei em colégio público. Sempre estudei sem precisar de cobrança por parte de minha mãe.

O “CASTELO”

ITH – Após terem ingressado no IFBA, como passaram a enxergá-lo? Houve surpresa?

Alinaldo – Foi muito bom. Lá é outro clima. É bem mais puxado do que eu imaginava. Os alunos se esforçam muito para tirar nota sete na prova. A média é seis. Não é preciso que funcionários fiquem pedindo que os alunos entrem nas salas. Estudar ou não depende da consciência do aluno. Se ele quiser ficar passeando o dia todo, pode ficar, mas depois será reprovado. A conversa lá muda completamente e tudo é diferente. Os alunos têm muito respeito para com os professores.

Jefferson – Os alunos podem contar com os benefícios também, principalmente aqueles alunos menos favorecidos economicamente e que necessitam. É um colégio para nós, suburbanos. Há alunos que estudam lá só para terem status.

Alinaldo – O ex-Presidente Lula queria um ensino público de qualidade. Então ele investiu no antigo CEFET,

ITH – Essa oportunidade de formação educacional oferecida pelo IFBA possibilita ascensão social? Em que medida?

Jefferson – É meio assim: estamos em um lugar desconhecido e de um dia para o outro acordamos lá no topo do castelo, olhando para todos de lá.

Alinaldo – Lá as pessoas têm outro nível de educação. Os estudantes do quarto ano, os veteranos, nos tratam com muita educação. Eles conversam, dão conselhos e dicas. Matemática tem um peso grande. A escolha do curso conta muito na aprovação ou não. As aulas são uma base. Se for ensinado um assunto em aula, o aluno deve pesquisar em casa.

onde só havia cursos técnicos, e o transformou em um colégio federal. As discussões que temos lá são muito mais desenvolvidas, são sobre o Brasil. Por exemplo, nas nossas aulas de Português sempre há debates sobre política, homofobia, feminismo na nova era, o jovem na sociedade. Algo interessante que aprendi lá é que o IFBA forma sujeitos do seu próprio conhecimento e não apenas trabalhadores assujeitados. Outra ideia interessante é que não devemos aceitar o óbvio como 

ATITUDE CIDADÃ: AGRADECIMENTO AO TEREZA HELENA E RETRIBUIÇÃO POR MEIO DE TRABALHO VOLUNTÁRIO COM ALUNOS

certo, mas pensarmos 

sobre o porquê de algo ser considerado óbvio. É preciso ter dúvida e perguntar sempre por que.

VESTINDO A CAMISA: O

RECONHECIMENTO

ITH – Vocês alcançaram um lugar de destaque em termos educacionais. Pessoas próximas reconhecem a importância disso?

Jefferson – Meu tio tinha dito que se eu fosse fazer algum curso deveria fazer federal. Quando soube que

SUGESTÕES

Alinaldo – Comam livros. Exige bastante Matemática, Redação...

Jefferson – Português, principalmente, pois ajuda

as outras matérias. Ficar atento às aulas. Qualquer fragmento dado em aula é importante. Um assunto estudado em Artes, por exemplo, pode ser algo

que leve a Matemática, a Português.

Alinaldo – Nós queremos ser bastante agradecidos a essa instituição [o Colégio Tereza Helena] porque se não estivéssemos aqui nós não estaríamos sabendo sobre o IFBA. Como viemos daqui e vários professores nos ajudaram, eu acho que não seria nada correto só nos voltarmos para o IFBA e esquecermos aqui.

Jefferson – Não podermos perder as origens.

Alinaldo – Não podemos perder a oportunidade de influenciar outros alunos a ingressarem no IFBA. Acho que isso é sermos cidadãos.

Jefferson – Compartilhar conhecimentos.

ENTREVISTA COM A PROF. ANTÔNIA BASTOS

ITH – O que lhe moveu a ajudar os alunos a estudarem para o IFBA?

   Profa. Antônia Bastos – Primeiro o amor à profissão e, segundo, porque eu sempre tive vontade de retribuir as ajudas que eu recebi. Na minha fase de adolescência e juventude eu tive ótimos professores. Tive uma professora que me ajudou bastante, orientando-me na época em que eu mais precisava, permitindo o meu acesso à cultura, indicando-me livros.

   O interesse partiu dos alunos. Eles desejaram um reforço, no turno oposto, para o que aprendiam nas aulas. Um deles, Matheus, teve a ideia de formar

Eles queriam sempre o retorno da avaliação para saber em que tinham errado. Então eu perguntava: O que errou? Por que errou? Como podemos rever isso? Como podemos melhorar? 

ITH – Esse parece ter sido um trabalho de “formiguinha” seu, que trouxe resultados muito positivos. O colégio apoiou/costuma apoiar esse tipo de iniciativa?

Profa. Antônia Bastos – Quando eu apresentei o interesse, uma ideia mais sistematizada, mais elaborada, se houvesse um apoio maior, mais alunos teriam se engajado e mais alunos teriam avançado também nesses estudos e estariam desfrutando dessa

PROFESSORA DESVENDA O SEGREDO DO SUCESSO

grupo para que eles tivessem uma aula mais sistematizada, mais organizada. Ele me apresentou o grupo e a proposta e me perguntou se eu estava disposta a ajudar e se havia essa possibilidade. De pronto eu me coloquei à disposição. Eles pediram a autorização da Diretora para a utilização de uma sala e nós ficávamos de quando encerrava o turno matutino até o horário em que chegavam os alunos do vespertino.

ITH – Os alunos interessados formaram um grupo de estudos.  Fale um pouco sobre como se deu o processo de construção de conhecimento desse grupo e sobre os papeis dos sujeitos nele envolvidos: o seu papel e o papel dos alunos.

Profa. Antônia Bastos – De início a a proposta era a de que eu retomasse os assuntos que tinham sido

trabalhados no horário de aula normal. Começamos dessa forma e eles tomaram gosto. Matheus deu, então, a ideia de que poderíamos ir além daquele conteúdo. A partir das sugestões que eles deram, eu tracei um esqueleto com os conteúdos que poderíamos ver. De início, eles passaram a se interessar pelo ENEM. Eu sempre indicava cursos que eles poderiam fazer a fim de estimular o seu interesse. Sempre que eu indicava, eles pesquisavam, constatavam e me traziam o retorno. Havia esse feedback constante. As aulas com eles eram praticamente diárias, pois havia também as aulas de Língua Portuguesa com a turma. Eu sempre indicava os temas a serem pesquisados, como pesquisar, como elaborar a pesquisa, fontes e autores confiáveis.

   Profa. Antônia Bastos – Felicíssima. Inclusive na primeira semana de aula eu comentei aqui na sala dos professores: “Eu queria o presente de Natal que pedi a Deus: que esses alunos fossem aprovados.”

ITH – Tem alguma sugestão a compartilhar com estudantes, professores e gestores?

  Profa. Antônia Bastos – A escola dispõe de um grupo de professores muito bons – competentes, responsáveis,

empenhados – e que estão dispostos a ajudar esses alunos a abrir portas, a buscar novos horizontes. O colégio tem espaços que 

podem ser organizados para que possamos administrar essas aulas, orientar esses alunos. Mas, por parte da Direção, teria que haver um empenho maior, já que há um grupo de professores que não pedem nada em troca e há um grupo de alunos interessados. Temos alunos capazes, inteligentíssimos, que só precisam de uma oportunidade. Se houver o interesse por parte dos gestores em organizar esses espaços, disponibilizar aos professores uma condição de trabalho melhor, poderemos mostrar a esses alunos que é possível buscar uma melhor qualidade de vida, preparar-se para um futuro melhor. Isso seria bom para todos nós.

O ITH AGRADECE AOS ESTUDANTES E À PROFESSORA QUE COLABORARAM PARA ESTA EDIÇÃO!

JORNAL IMPRESSO TEREZA HELENA | MAIO / 2016

ITH – Que conselhos vocês dariam a alunos interessados em ingressar no IFBA ou em fazer outros concursos?

eu passei, ele me parabenizou. Então, tecnicamente, acho que ele reconhece.

Alinaldo – Eu estava na casa de minha tia quando vi a lista. Ela ligou praticamente para todos os parentes. Quando eu saio para ir ao colégio, várias pessoas com quem eu encontro na rua me parabenizam.

   O Impresso Tereza Helena - ITH entrevistou Alinaldo e Jefferson e a professora Antônia. Os alunos aprovados contam como surgiu o seu interesse pelo IFBA e narram todo o percurso de aprendizagem por eles percorrido até a aprovação. Além disso, discorrem sobre sua acolhida e a forma como se dá a aprendizagem no instituto. Para Jefferson, ingressar no IFBA é como acordar “no topo de um castelo, olhando para todos de lá”. A professora Antônia Bastos explica como se deu a formação do grupo, a sua atuação enquanto mediadora e a atuação dos alunos enquanto sujeitos na construção do conhecimento.

   O número de alunos oriundos do colégio Tereza Helena aprovados no IFBA neste ano é considerável. Isso é motivo de muito orgulho. Por isso, em nome de toda a comunidade escolar, o ITH homenageia e parabeniza os aprovados – Alinaldo, Amanda e Jefferson – e a professora Antônia Bastos pelo êxito.

as apostilas e cada um ficou com uma. Era um grupo composto por mim, Jefferson, Amanda, Amana, Nadine, Elaine, Matheus, Ana Flávia. Tínhamos aula com a professora Antônia todas as terças-feiras. A Diretora trouxe algumas revistas e provas de anos anteriores. A professora de Matemática também nos ajudou tirando algumas dúvidas. A professora de História disponibilizou um horário para nos

ITH – Falem um pouco sobre o percurso escolar de vocês: em que escolas estudaram?  Qual foi o papel da família na sua vida escolar?

oportunidade. Acho que o colégio deve aproveitar essas iniciativas e investir mais. Primeiro porque não tinha gasto algum para a escola. Só boa vontade mesmo já era suficiente.

ITH – Como você se sente hoje diante de um resultado tão positivo?

JORNAL IMPRESSO TEREZA HELENA | MAIO / 2016

JORNAL IMPRESSO TEREZA HELENA | MAIO / 2016

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